Se meu cheiro tem algo de masculino deve ser teu sexo. Sua insegurança que impregna na minha pele e me faz querer gritar. Deve ser de todo esse medo contido, esse amor reprimido, essa fala distorcida e sem nexo que você diz. Por que tudo isso cheira, e fede.
Meu perfume é o teu próprio, meu bem. Pego pelo próprio veneno. Não gostou? Cheirava tua covardia que impede o reconhecimento
Agora se quer saber do meu cheiro mesmo, saiba que cheira entrega. Entrega de corpo, de alma, de traumas e medos. Entrega de 21 gramas. Da “Insustentável leveza do ser”. Somados à quase 50 quilos.
Cheira o primeiro amor, daqueles de filme. Cheira risadas, beijos e abraços. Cheira cervejas, viagem e momentos. Não é de ralo o cheiro daqui, meu caro. É de flor, ainda que de pano. E enquanto você falava o suor deve tê-lo transformado. Não sei, essa é apenas uma explicação. Uma tentativa de sustentar aquilo que despenca, que desmancha.
Eu sou de carne, sabia? Aqui bate aquele troço... Ah, o coração. E nele, em meio a sangue, veias e músculo cabe um tanto bom de amor. E se eu espremer um pouco cabe você todinho aqui. Só que tem que tem que vir sem cheiro, perfumes ou disfarces. Venha você que te encaixo nele. É do seu número.
Mas antes quero que saiba de uma coisa: que o amor é renuncia e eu reconheço isso. E se não por isso jamais teria deixado pra trás o que me prendia no passado. Pode soar meio hipócrita vindo de boca de historiadora, mas é a mais pura verdade.
O que me prende nessa insistência é a certeza de que também houve renúncia vinda daí, e isso prova o sentimento. E isso alimenta tudo.
Me espera que eu te espero, por que eu ainda acredito na gente.
“Se teu pão, ser tua comida. Todo o amor que houver nessa vida. E algum trocado pra dar garantia...”.