sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

E ela já não sentia nada.

De rainha e de plebéia era feita sua pele
Que preguiçosa se deitava sobre lençóis encardidos de amor
Que pequena se jogava ao vento na esperança de voar
Sem asas, sem cor, sem nada...
Espreguiçava-se.
Jogava-se contra a parede na esperança de acordar e ia até a padaria com o gosto amargo do sonhar
Leite com café.
Café com pão.
Pão com manteiga.
Fruta, mel, abelha.
Levantava com o peso de uma pluma e quase que sentia o vento descobrir-lhe nos esconderijos
Oi João, oi Zé, oi Carol, Maria, Carlos, Eduardo, Luis e Luzia.
Oi vida que me esmaga em ser, oi morte que me desfaz em curiosidade e medo.
Ela era linda, como era.
Era feita, completa, destraçalhada que estralhaça. Era puro paradoxo. Era amor, ódio
Era perdão e culpa. Era felicidade banhada em tristeza.
Era vida.
E se acabou no décimo andar. No pé do décimo.
E dizem que sentia o vento descobrir-lhe nos esconderijos.

-Bem vindos, bem vindos à vida eterna!
Entrem como quiserem e se entreguem ao prazer!
Aqui tudo pode nada é proibido.
Aqui onde os medos não te deixarão, onde o prazer é regido no sempre e o nunca não tem lugar.
Cheguem, sentem-se e se sintam a vontade.
Peguem do doce, do salgado e se lambuzem,meus queridos

Ah, doce ilusão!

Pobres homens e mulheres que queimam nesse canto do anti-paraíso.

E ela sentia o fogo descobrir-lhe os esconderijos.