sábado, 27 de fevereiro de 2010

Feito para enfeitar.

-Que Vida é essa que traz dor?Que surpreende com a imensidão de sabores e finais (in) felizes?Vida estranha. Estranha Vida. Vida que adentra vida pra vivenciar as inconseqüências.e seria eu a Morte?Cheia de rancor e moralidade?Minha poesia mais parece um conto de Vincent Price e meus monstros são tão reais quanto suas palavras ditas no canto da sala.
Como pode, Vida e Morte?
Mesmo cercada de falas e risadas foram feitas pro silêncio. Pros sonhos. Esporadicamente lhes resta um tanto de flores, um canto de pássaros. Mas isso não basta pra vida inteira.
A Morte sempre teve pouco a oferecer. Uma foice, acidente, queimadura para os mais pecadores. Já a Vida... Ela tinha uma vida de coisas a oferecer. Tomada pela modéstia, coitada, quase não percebia que se não fosse ela até a Morte teria morrido.
-mas não se cansam de ser tantas coisas?
-Vida ruim, Vida boa, Vida mansa... Quem dera Morresse.
E pra que chama-las se nem ao menos as conhecem?Que entende da Vida essa ciência que mede tempo?Que sabe da Morte esse criador que jamais sentiu o peso de se ser mortal?Ah, me poupem.
Nem tempo tiveram pra admirarem.
Nem mesmo vocês se admiraram, Vida e Morte.
Vida sempre presa no mistério negro da Morte, confusa e colorida.
Morte se perdendo nas cores da Vida.
Mal puderam se olhar direito. Talvez, se tivessem se olhado e se fundido em uma coisa só, a eternidade seria concebida. Não na forma carnal como podem sugerir, mas fruto do silêncio. Por que aquilo que se instala no caos não lhes serve pra nada, a não ser para impor limites.

E que tal seria o inverso?Se talvez a Morte fosse dada a todos como se o fim viesse primeiro, e logo depois a Vida surgisse cheia de... Cheia de vida... Que tal seria?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Desabafo.

Não sei se alguém andou percebendo,e se sim não me surpreenderia,mas sentimentos estranhos me assolaram ultimamente.Na verdade,muitos deles.O susto e a saudade,no entanto,parecem caminhar juntos nessa minha trajetória pequena de 17 anos e,de novo,sinto que algo aperta aqui dentro.No ônibus,enquanto chorava e via um sonho se distanciar ainda mais,pensei que fosse o cinto de segurança.Soltei um pouco,na esperança de desprender a cintura.Chegando em casa – nova casa – cheguei a pensar ser um problema fisiológico talvez,gastrite atacada ou coisa do tipo.Mas não meus amigos,era saudade.Pra falar a verdade já havia me acostumado tanto com ela nestes últimos 4 anos que não pensei que fosse ser assim.Até mesmo nas minhas últimas horas,enquanto jurava amor eterno e amizade incondicional não foi tão intensa a dor.Mas ali,naquele ônibus,e ainda hoje e em todos os outros dias que se seguiram,parece que a D. Saudade me pegou de jeito.Me abraçou no estilo digno de um tamanduá bandeira,se é que me entendem.E alguns se assuntam tanto quanto eu ao ouvir ou ler isso,eu sei."Mas de novo?Ela não se acostumou?Não é a terra dela?"Pois é,ai que entra o susto.
Eu também pensei que tudo seria bem mais fácil,afinal,estou andando em nuvens teoricamente.Vida mansa,vida boa.O que mais querer?Mas não.Sabe,esse cantinho de concreto ai,agora tão distante,me ensinou muito mais do que o jeito paulista – o qual me cabe muito agradecer,afinal.E eu nunca imaginei que o cinza daí me mostrasse tantas cores,mas mostrou.
Quebrou tabus,poetizou,cantou,sambou,bebeu,alegrou.Fez muito mais do que eu podia esperar.E agora eu to sentindo uma falta do tamanho do mundo.