quarta-feira, 24 de junho de 2009

Vidas efêmeras,semente de estrela.

A morte é mesmo algo estranho.E nestes rituais mórbidos que se seguem à perda eu vejo mais dor que em qualquer outro lugar.Mas são nesses mesmos rituais que encontramos força pra seguir...é subindo aquele mesmo morrinho do cemitério (novamente...) que enxergamos que a solução é uma só:a união.
Tenho andado esses dias pensando que talvez você devesse ter nascido com rodas no lugar dos pés.Com sorrisos que cubrissem todas as palavras e no olhar a constante imagem da Serra da Canastra.E no coração uma enorme bandeira de Minas Gerais.Se tivesse nascido assim,literalmente,talvez isso te tornaria imortal.Se fosse tudo literal,concreto,entende?!Por que você era feito de tudo isso,assim como era feito de sonhos,de desejos e cheio,repleto de cores.Mas tudo muito abstrato.Muito mortal.
Queria poder enfatizar todas suas qualidades para talvez convecer Deus,Budah ou Alá,seja lá quem for que nos fez isso,de te devolver à nós.
Gostaria de ter suas piadas,sua pressa.Gostaria de vê-lo comendo em pé,acelerado pra cair na farra.Te ligar chamando pra ir pra Bambui e ouvir seu "ooooopaaaaaa".Gostaria de sair,tomar um pó de guaraná na exposição com você só pra aguentarmos mais horas na gandaia.
Mas alguma força,e talvez eu saiba o nome dela,precisou mais de você mais que nós mesmos.E você foi pedalar em novos horizontes...agora você terá todas suas cachoeiras,seus churrascos e sua irmã,ai,do seu lado.
E para quem fica resta o consolo de saber que te amamos,com toda a força de uma família.
E que choramos sua morte como choraríamos uma guerra,e sangramos por dentro,nos desfizemos pela sua perda.
Mas como esquecer seu jeito de dizer pra mim (e pra todos que quisesse ouvir):"É o Brasil né jow!"?E seus péssimos CD'S durante 580 Km de viagem?
Como vou ouvir Chico Science?Como sobreviver à "sindrome do sol nascente" sem você por perto?Como falar de você no passado?Eu não sei ainda,mas sei que ai de cima,do lado desse senhor que insiste em me por à prova,você vai nos ensinar a continuar a vida.
E daqui alguns dias,meses,anos ou talvez breves segundos,nos reencontraremos.Talvez reunamos toda a familia,como nos natais.Iremos comer loucamente a ceia preparada pelas tias no vovô Britto,partir para a mesa farta do vô Juca e depois seguir pra Jingle dance.E lá dançaremos,beberemos e comemoraremos a vida eterna juntos.
Mas enquanto esse dia não chega fico aqui,com a saudade que machuca e a certeza de que tive o melhor primo que alguém pode ter.
Vai em paz gui.Te amo.

2 comentários:

  1. Mi, mesmo que eu não tenha nada a dizer (um momento em que não se diz nada como hoje no ponto em baixo dos guarda-chuvas), eu preciso dizer que isso tá maravilhoso. A morte é mesmo algo estranho, mas você soube usar as palavras certas pra dizer. Eu tenho certeza que ele sente. E, principalmente, se orgulha.

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  2. Eu arrepiei, isso é sério. Seus textos traduzem com precisão sentimentos e emoções profundos. Minha escritorazinha brilhante, você tem futuro.

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